Edvard Munch
Pelas próximas três semanas, cada sábado, iremos apresentar pinturas do final do século XIX e início do século XX da coleção do Museu Nacional de Cracóvia (Polônia). Hoje apresentamos uma litografia criado por Munch – para mim suas impressões são ainda mais poderosas do que suas pinturas. Este é um dos vários trabalhos do expressionista norueguês Edvard Munch, que nos causa arrepios. Uma multidão de mulheres e homens anônimos e silenciosos, com os olhos bem abertos, caminha em direção ao espectador. Eles estão em um profundo transe e parecem tão irreais que se assemelham a uma procissão de fantasmas ou zumbis, aterrorizados e aterrorizantes ao mesmo tempo, mudos como se alguém os tivesse dito para não gritar. Atrás deles está o cenário cru e perturbador: colinas desertas, fiordes e o mar. O céu vermelho e pesado está suspendido sobre toda a cena. As pinturas de Munch retratam a beleza típica, sinistra e sombria das paisagens norueguesas, mas acima de tudo, refletem o estado de espírito dos habitantes desta terra mergulhada na escuridão pela maior parte do ano. Esta litografia, sem dúvida, nos lembra de outra pintura do artista – talvez a mais famosa – intitulada O Grito. Ambas as obras causam semelhante impressão em nós – elas perturbam, atormentam e nos assustam. Na litografia descrita, entretanto, o medo é compartilhado por um grupo de pessoas, ao invés de ser experimentado por um indivíduo. É um sentimento universal, que é conhecido por todos e que paralisa a todos.
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