Judite e Holofernes

O livro deuterocanónico de Judite relata como Judite salvou o seu povo ao seduzir e matar o general assírio Holofernes. Judite embebeda Holofernes, depois tira-lhe a espada e decapita-o: "Aproximou-se do leito, agarrou-o pelos cabelos e disse: «Dai-me força, neste dia, ó Senhor, Deus de Israel.» De seguida, golpeou-o no pescoço duas vezes com toda a sua força e cortou-lhe a cabeça". A decapitação de Holofernes era temática preferencial da época, retratada por nomes como o de Donatello, Sandro Botticelli, Andrea Mantegna, Giorgione, Artemisia Gentileschi, Lucas Cranach o Velho (estes dois últimos já incluidos na DailyArt), entre outros. A abordagem de Caravaggio foi, como seria de esperar, a captura do momento de maior impacto dramático, o da própria decapitação. Os rostos das três personagens são evidência do seu domínio sobre a emoção, a expressão de Judite exibindo um misto particular de determinação e repulsa. A modelo da rapariga foi provavelmente a cortesã romana Fillide Melandroni, que posou para uma série de outros trabalhos de Caravaggio no mesmo ano em que esta tela foi feita. A cena no seu todo, e com destaque para os detalhes do sangue e da degolação, terá sido sugerida pelo seu testemunhar da execução pública de Beatrice Cenci alguns anos antes.