Em Os Trapaceiros, os jogadores estão engajados em um jogo de “primero”, um precursor do pôquer. Absorto em suas cartas à esquerda está o trapaceado, inconsciente de que o trapaceiro mais antigo está sinalizando para seu cúmplice com uma mão enluvada levantada (as pontas dos dedos expostas, para melhor sentir as cartas marcadas). À direta, o jovem trapaceiro olha com expectativa para o garoto e alcança atrás de suas costas por uma carta escondida em seus calções. Nenhuma das partes consegue ver ou saber de tudo que desejam saber. Há coisas que o espectador não consegue observar, embora as figuras consigam, e coisas que as figuras não conseguem observar e o espectador consegue. A cena é construída como um circuito de ver e não ver, conhecimento e ignorância, confiança e engano. O garoto confia na invisibilidade de suas cartas. Os trapaceiros confiam na invisibilidade de seu esquema. Eles devem confiar em sua própria aliança também. E algo que o espectador consegue ver sugere que esta confiança pode estar fora de lugar. Caravaggio tratou esse tema não como uma caricatura do vício, mas de uma maneira novelística, na qual a interação entre gestos e olhares evoca o drama da decepção e da inocência perdida nos termos mais humanos.
Os Trapaceiros gerou incontáveis pinturas sobre temas relacionados por artistas em toda a Europa.
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