Sem título (Anjo Caído)

Na quarta-feira anterior, o Thoughts on Art, focou na perspectiva do autor, em seu impulso criativo em relação à criação. Mas seria possível mudar a perspectiva, visando apenas a peça, independentemente de qualquer outro fator, diferenciando-a de sua origem, das preocupações e intenções do autor, e buscando propriedades objetivas e endêmicas da obra de arte - existem elementos autônomos que, quando analisados, determinam a natureza e a qualidade da pintura?  Monroe Beardsley acredita na existência de um conjunto de propriedades internas, ou relações, das quais o raciocínio crítico deve derivar - como unidade (organização, perfeição, coerência); complexidade (escala, diversidade, originalidade); e intensidade (vitalidade, poder, beleza, profundidade). Para ele, uma peça seria cada vez mais respeitável quanto mais desses requisitos fossem cumpridos. Essa perspectiva parece se concentrar apenas no objeto, ignorando outras circunstâncias, como intuição, autoria e intenção. Embora isso facilitasse a discussão de arte, baseada em "fatos empíricos". Pessoalmente, gosto de acreditar que há mais na criação do que mostra o exame de seu produto, e por isso deixo você com essa pergunta: o que Beardsley acharia dessa pintura de Jean-Michelle Basquiat? Até a próxima semana, Artur Dionisio