William Blake
O Livro de Revelações, o último livro do Novo Testamento, contém vários avisos para os Cristãos para manterem e protegerem a sua fé, relatando depois vários episódios alegóricos que demonstram as consequências de deserção espiritual. “O Grande Dragão Vermelho e a Mulher Vestida de Sol” de Blake ilustra passagens que descrevem “um enorme dragão vermelho com sete cabeças e dez cornos e sete coroas nas suas cabeças” que desceu em “uma mulher vestida com o Sol, com as estrelas debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na sua cabeça.” O dragão representa Satanás. A sua missão é vingar-se da mulher que deu à luz um seguidor de Deus que espalhará a fé cristã.
Luz do Sol banha a figura da mulher e fica captada na lua crescente prateada na qual ela repousa. Escuridão e sombras preenchem o céu acima como uma nuvem de tempestade enquanto as asas do dragão atiçam um enorme vento que agita o cabelo da mulher como uma chama. Em baixo, um crescente dilúvio, invocado pelo dragão e com intenções de engolir a mulher, oprimindo as figuras das almas desafortunadas. O demónio paira para testemunhar a morte da mulher, Deus concede-lhe asas que a levam para um lugar seguro. No entanto, a poderosa imagem dos braços esticados do dragão e dos braços das mulher que se aproximam um do outro numa imagem simétrica sugerem que bem e mal são uma dualidade, como o lado iluminado e escuro da Lua, em vez de forças completamente independentes.
A terra abrir-se-à para engolir a água, e o frustrado dragão voará para longe para travar uma guerra contra a descendência da mulher, os seguidores de Deus. Para Blake, é o poder espiritual — a pureza e bem representado pela mulher — que sempre prevalece, mesmo que as circunstâncias sejam horríveis.