Édouard Manet
Manet era o principal “Pintor da Vida Moderna”, uma expressão criada por um poeta e crítico de arte, Charles Baudelaire. Em 1878-79, ele pintou uma quantidade de cenas situadas no Cabaret de Reichshoffen, na Avenida Rochechouart, onde mulheres à margem da sociedade interagiam livremente com cavalheiros de classe alta. Aqui, Manet retrata os prazeres caleidoscópicos na vida noturna parisiense. As figuras preenchem o espaço compacto do quadro, cada qual aparentando-se totalmente alheia às demais. Manet afirmava que ele estava pintando “des oeuvres sinceres”, ou “obras sinceras”. As mulheres retratadas nessas cenas cortejavam certos riscos com respeito à percepção e moralidade.
Ao ser exibida na galeria La Vie Moderne, em 1880, esta obra foi elogiada por alguns pelo seu realismo inabalável, e criticada por outros por sua aparência “crua”. Manet representa aqui um café-concerto no qual três figuras centrais formam um triângulo, porém estão todas encarando direções opostas. A cena de um café-concerto deveria ser casual, porém Manet dá pistas de separação. A garçonete saboreia uma cerveja, a mulher no bar fuma um cigarro e se aparenta subjugada, e o homem parece estar relaxado e assiste a performance (a cantora conhecida como “La Belle Polonaise” é refletida pelo espelho no fundo da pintura). Nota-se que o homem demonstra confiança, pois os homens, ao contrário das mulheres, podiam frequentar cafeterias e bares com segurança. A pintura foi montada e completada em um estúdio, mas passa a impressão de ter sido observava ao vivo.