Nikolai Ge
Na quarta-feira passada, durante Thoughts on Art fomos deixados a pensar sobre a perspectiva de esteticismo de Jerome Stolnitz: a maneira pela qual uma peça isolada poderia por si mesma ter um impacto que alienaria o observador. O modo, porém, que Jerome percebe a obra de arte por si mesma como um fim independente e objetivo nem sempre é compartilhada, principalmente pela maneira como desconsidera a posição do autor que faz a obra de arte. Se para Jerome, a estética é um momento de isolamento introvertido, para outros é um momento de comunicação. Na perspectiva de Leo Tolstói a atividade artística era baseada na comunicação; como tal, o público deveria sentir o mesmo que o autor, sendo seu objetivo a transmissão de sua própria individualidade através da peça. A extensão desta comunicação dependeria de três condições: - a maior das menores singularidades do sentimento transmitido, - a clareza com a qual o sentimento é transmitido, - e a sinceridade do artista, a força com a qual o artista sente e transmite. Para Tolstói, se a obra não transmite a singularidade do artista, então ela não é individual e, portanto, não comunica nada; se não transmite inteligentemente a vontade e emoção interiores do autor, então não é uma obra de arte. Podemos deduzir que, se é assim, então um momento estético para Tolstói seria a perfeita conexão com outro indivíduo; o compartilhamento de um sentimento, emoção, ideia – e, portanto, não abstração, mas ocupar-se dos pensamentos do outro estaria na base de uma atitude estética. Na pintura de hoje, a esposa de Tolstói, Sophia Tolstaya, e a filha Alexandra Tolstaya, estão representadas: você acredita que pode compartilhar sua emoção em relação à pintura da mesma forma que o autor fez?
Tenha uma boa quarta-feira,
Artur Dionisio