A Evidência de Alice

Alice é uma musa para um homem de bigode que desafiou a mente de um matemático. Até mesmo a Rainha maravilhou-se com a história da donzela. A Rainha Vitória conheceu Lewis Carroll perguntando se ele havia escrito mais livros. Ele respondeu “muitos mais”, então a Rainha respondeu que ela queria ler todos eles. Na manhã seguinte, nos portões do Palácio de Buckingham, estava um enorme pacote com todos os tratados matemáticos de autoria de Charles Dodgson. Sim, Carroll era Dodgson e Dodgson é, logicamente, o nome de um matemático. Alice, filha do amigo de Charles, Liddell, pediu ao matemático por um história “louca” durante uma tarde perto do rio. A história derramou aquele mesmo barco com um coelho apressado, mas o tempo voou e a história sem limites ficou dependurada durante o verão, incompleta. No entanto, Dodgson não se esqueceu de esboçar a história naquela noite, publicando-a dois anos mais tarde. Ainda assim, a Musa que está por vir não era a verdadeira Alice, que cresceu e se tornou tediosa e banal, bem como aqueles que escolhem crescer – o personagem que veio para ajudar a moldar o surrealismo viveu entre as páginas. A primeira pessoa a ilustrar essa loucura foi John Tenniel. Embora longe do surrealismo, dentro do estilo de ilustração vitoriana, o espírito absurdo do livro piscou com ironia, pois aquele que imaginava o País das Maravilhas era cego de um olho. Alice ainda é uma musa para aqueles que procuram o onírico, era natural que a garota que sonhava fosse retratada pelo pintor do sono, Dali. Alice, no entanto, não foi sua única Musa. “Única” não é uma escolha perfeita de palavras para outra Musa: Gala. Gala vivia no ambiente artístico, inspirador e estimulante. Gala, Paul Éluard e Max Ernst envolveram-se por três anos em um “ménage à trois". Mais tarde ela iria conhecer o jovem prodígio espanhol Salvador Dalí. Ela se tornou uma parte tão importante de sua arte que o surrealista começou a assinar ambos os nomes, o seu e o dela – “É com o seu sangue, Gala, que eu pinto”. Eu também tenho uma Musa, com a qual eu adoraria ver o mundo, mas ele insiste em entrar na frente toda vez que eu olho no espelho. Como então, eu irei olhar “Através do Espelho”?

- Artur Deus Dionisio

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