Quentin Metsys
Uma Mulher Velha é possivelmente uma das pinturas feias mais bonitas já produzidas! Apesar da senhora ser quase horrível para olhar, o quadro em si é um exemplo de pintura em óleo da arte Renascentista do Norte. Metsys pintou sua modelo não usual com veracidade e exuberante, retratando essa velha senhora nas vestimentas de sua juventude, segurando um broto de flor como um gesto romântico. Esse pode ser um retrato satírico de uma mulher velha agindo de maneira desapropriada para sua idade, mas felizmente ela não é uma pessoa real neste caso particular: não pode haver dúvidas de que Matsys encontrou e registrou alguém com essa aparência (que agora sabemos que era causada pela Doença de Paget que deforma os ossos), porém não há registro de uma mulher aristocrata que caiba nessa exata descrição, portanto parece provável que ele fez desenhos de alguém com essa condição e depois a vestiu especialmente para essa pintura.
A persona que ele criou é tanto engraçada quanto triste. Aqui está uma mulher extremamente não-desejável e idosa sugerindo que está a procura do amor e, ao observar suas vestimentas fora de data, feições deformadas e pele enrugada é difícil não dar um sorrisinho, afinal quem iria querer namorar ela! Mas nós podemos realmente rir dela sem que nossos preconceitos reflitam em nós? Do nada percebemos que o artista pode estar, deliberadamente, nos deixando desconfortáveis para nos mostrar que nós mesmos não estamos livres de feiura.
Ela realmente deve ser uma das mulheres mais azaradas que já viveu: não só a doença de Paget é extremamente rara, mas também quase nunca afeta qualquer um abaixo de 50 anos, e afeta mulheres ainda menos. Sabendo desses fatos, eu acho que o contemplador moderno se simpatiza mais com a Duquesa, mas a mente Renascentista perdoava menos, então eu também tenho que me perguntar se Metsys algum dia sonhou que ela seria vista com uma lente que não a de crueldade e ridicularizada.
- Sarah