Continuamos o nosso mês especial com o Museu de Arte de Toledo. Aproveite! :)
Através do período Edo (1616-1868), imagens de belas mulheres, atividades de lazer, e atores kabuki - conhecidos como ukiyo-e, "imagens do Mundo Flutuante" - são os melhores exemplos conhecidos das gravuras de madeira japonesas; aquelas do começo do século 20 são talvez incomparáveis em seu virtuosismo técnico, e também mostram a habilidade de vários dos artistas que absorveram influências ocidentais enquanto mantêm as primeiras tradições das gravuras japonesas. Em "Mulher Vestindo uma Roupa de Verão", por exemplo, Hashigucui Goyō trata a vista íntima tradicional de uma mulher em seu toalete com um grau de realismo inspirado no ocidente e um volume espacial que é típico da estética das gravuras japonesas ukiyo-e.
Aos trinta e cinco anos de idade, Goyō já era um artista bem estabelecido quando ele produziu sua primeira gravura com o famoso publicador Watanabe Shozaburo. Após a gravura falhar em atingir o nível de qualidade que Goyō exigia de seu trabalho, ele decidiu usar suas próprias ferramentas e a publicar suas gravuras sozinho. Isso o permitiu manter um controle sobre sua obra e a buscar uma proficiência técnica maior que tudo que estava sendo publicado no Japão naquela época. Entretanto, morrendo com apenas quarenta e um anos de idade, ele produziu apenas doze gravuras ao longo de três anos.
Aqui, Goyō retratou a sua modelo e amante Nakatani Tsuru, uma garçonete no restaurante Icho de Osaka, se ajoelhando perante um espelho enquanto segura apenas seu roupão de verão e encara o espectador. Criada numa época em que mudanças rápidas envolvendo as mulheres na sociedade japonesa desafiavam as noções pré-estabelecidas de aparências e papéis, a gravura parece unir o passado e o presente. A mulher é de uma beleza irresistível aos moldes das imagens ukiyo-e, porém também possui uma presença e um senso de autonomia que parecem completamente modernas.
P.S. Veja a belíssima lua outonal em gravuras de madeira japonesas aqui! <3