Edgar Degas
Ao longo de toda a sua vida, Degas quis compreender os corpos por baixo das roupas antes de os vestir. As mulheres que retratou não são, amiúde, muito graciosas. Carregadas com os constrangimentos da vida real, estão quase sempre de costas para nós, pelo que os seus rostos, as suas identidades, permanecem misteriosos e privados.
O seu interesse pelo tema de um nu a entrar na água remonta aparentemente aos seus tempos de estudante, quando copiou a figura de um homem a caminhar sobre a margem de um rio a partir de uma gravura de Marcantonio Raimondi, baseado em Miguel Ângelo.
Este é um dos sete pastéis em que Degas se aventurou numa versão moderna do tema. A mulher, com os braços e as pernas precariamente amparados numa banheira de zinco, expressa, de forma poderosa, a combinação de estranheza física e sensualidade que caracteriza as representações de banhistas do artista.