O Velho Guitarrista

A primeira coisa que nos vem à mente quando pensamos em Avant-Gard - movimentos artísticos emergentes fluorescentes e revolucionários, mudanças vívidas, liberdade e expressão - é o início do século XX em Paris. Onde qualquer pessoa se pudesse encontrar com Picasso e Modigliani, Dali e Buñuel, Hemingway e Fitzgerald, Chagall e Kandinsky…, numa avenida agitada or num qualquer café boémio. Assim como nos desenvolvemos a partir de uma cultura da Grécia Antiga, Paris tem também moldado a mente e valores que adotamos hoje em dia. Quando a Torre Eiffel foi erigida, para a Exposição Universal de 1889, ela serviu para celebrar o centenário da Revolução Francesa: o evento que iria estabelecer os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, juntamente com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (ainda com valor constitucional em França atualmente!), e muitas das ideias de Rousseau, Montesquieu, Voltaire… que ainda são fundamentais para o pensamento ocidental. Como um europeu, um cidadão do mundo, um indivíduo, estou agradecido. Agradecido por viver numa mentalidade que não cala a diferença, que não perpetua ideias por imposição, que garante desenvolvimento singular e encoraja criticismo. Paris, como Atenas, ficará como a terra natal para todos aqueles que personificam os princípios da tolerância e liberdade, democracia e filosofia. E, para os meus companheiros Parisienses, meus companheiros Atenienses, eu digo: Não vamos ter medo, não vamos comprometer os valores da nossa identidade. O quadro apresentado aqui pertence ao Período Azul de Picasso. É considerada a fase mais triste da sua carreira, e diz-se que começou após o artista descobrir a morte de Casagemas - que cometeu suicídio no Café L’hippodrome em Paris. Mais tarde, Picasso ficou com depressão severa, e a profunda melancolia expressa em azul levou a várias peças tristes. À medida que foi melhorando, quadros coloridos, vibrantes com rosa vivo começaram a aparecer, levando ao Período Rosa. Relembrando-nos que melhores tempos virão. O meu pensamento é, nesta Quarta-feira de Pensamentos de Arte, para além da pintura, juntamente com a dor dos nossos amigos. Na próxima semana, veremos como Schopenhauer lidou com a dor através de arte.

Vemo-nos depois,

Artur Deus Dionisio