O “Broche Fuller” by Artista Desconhecido - Late 9th century British Museum O “Broche Fuller” by Artista Desconhecido - Late 9th century British Museum

O “Broche Fuller”

Prata, não muito •
  • Artista Desconhecido Artista Desconhecido Late 9th century

Os Anglo-saxões eram muito conhecidos pelo seu notável trabalho em metal, particularmente por suas imaculadas joias em prata e ouro. Essa peça, conhecida como o Broche Fuller, foi nomeada após seu dono; em muitas maneiras é representativo do seu gênero. Neste caso, porém, há mais, muito mais, do que os olhos veem. Diferentemente de muitos broches Anglo-Saxões, esta peça inclui diversos retratos de indivíduos. Os posicionados dentro e ao redor do círculo personificam os cinco sentidos, um assunto completamente ausente de qualquer outro trabalho artístico produzido dentro e por sua cultura. No centro está a visão, com olhar quase ameaçador. Os outros quatro sentidos são retratados em quadrantes ao redor do centro, incluindo paladar (cima-esquerda), com sua mão conspicuamente em sua boca; cheiro (cima-direita), com um nariz proeminente; audição (baixo-esquerda), sua mão em seus ouvidos e feição atenta; e tato (baixo-direita), suas mãos apertadas ao seu lado. As imagens que constituem o perímetro externo retratam majoritariamente cenas cotidianas, porém se encontram também algumas pessoas.

Broches Anglo-Saxões eram feitos, quase que literalmente, para serem vistos; eles teriam sido usados proeminentemente e, ainda que indicassem o status do seu dono, eles também nos dizem muito sobre a cultura responsável por sua criação. Apesar da cristianização ter se espalhado pela Inglaterra desde o século VI, as imagens neste broche podem indicar a persistência de alguns pelas crenças pagãs, por exemplo. E broches como este poderiam ser personalizados, nos fornecendo, hoje, uma janela para um mundo perdido, além de preferências e gostos de um único indivíduo, de outra forma perdido na história.

Stephane Skenyon

P.S. Você pode ler uma história sobre outro trabalho medieval em metal – a Relíquia de Thomas Becket aqui.