L.A. Ring se casou em 1896, um ano antes de pintar esse retrato de sua esposa, Sigrid Kähler (1874-1923). Naquele tempo, ele tinha 44 e ela 22. Parece natural se juntar a muitos outros historiadores de arte que interpretam esta imagem como uma declaração de amor pela esposa grávida do artista, com a promessa da primavera agindo como um símbolo da consumação do casamento.
Com tanta felicidade e esperança recém-encontradas, e as plantas floridas se encontrando em um lugar, parece que a percepção do oposto à vida, morte, se torna o tema subjacente ou então a experiência que Ring tenta lidar ou exorcizar neste quadro.
Ring, um ateu, expressava sua experiência em muitos dos seus trabalhos. Aqui, remete ao tema ao contrastar a barriga de Sigrid contra galhos secos e entorpecidos. Uma lembrança sobre a fragilidade que também circula a vida que dá frutos tanto do homem quanto da natureza.
Este quadro se junta à grande gama de retratos monumentais de mulheres e esposas criados por pintores dinamarqueses nas décadas por volta de 1900. Retratos esses que demonstram a percepções sobre mulheres gradualmente se liberando da celebração da Mãe da era do Romantismo – uma visão da mulher que se afasta do corpo e intelecto feminino – em direção a uma mulher mais independente, confiante e completa que une tanto corpo e mente.