Édouard Manet
A Ameixa retrata uma mulher sentada sozinha à mesa de um café, numa pose letárgica. É possível que seja uma prostituta, a aguardar um cliente ou um empregado que lhe traga uma colher. Ela aparenta estar a sonhar acordada, divagando, distante. Segura um cigarro por acender, e as ameixas embebidas em conhaque parecem não ter sequer sido tocadas. Essa sobremesa era uma especialidade dos cafés parisienses da altura.
A ameixa pode ser uma referência à sexualidade da mulher, já que a fruta foi mais tarde utilizada em Ulisses, de James Joyce. Manet pode ter baseado a pintura em observações no Café de la Nouvelle Athènes, na Place Pigalle, em Paris. Porém, o fundo - a grade decorativa e a sua moldura em ouro - parece não combinar com outras representações do café, e indica que a pintura possa ter sido feita no estúdio de Manet, onde é sabido que tinha uma mesa de mármore no estilo das mesas de café, com pernas de ferro.
A modelo é a atriz Ellen Andrée, que também foi retratada com Marcellin Desboutin, na pintura parecida, L'Ábsinthe (ou Num Café), de Edgar Degas, em 1876 (dê uma vista de olhos no nosso arquivo para vê-la!). As semelhanças entre as duas pinturas indicam que A Ameixa de Manet pode ter sido uma resposta à obra de Degas. Andrée também aparece na pintura O Almoço dos Barqueiros, de Pierre-Auguste Renoir, em 1881.
P.S. Talvez se lembre que O Almoço dos Barqueiros foi mostrado no filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, uma história tão encantadora! Leia sobre ela aqui!