Europa

Júpiter, o mais poderoso dos deuses, está apaixonado pela princesa Europa. Ele assumiu a forma de um belo touro branco e, com um comportamento aparentemente manso, induziu a garota a montar em suas costas. Assim que ela o faz, o touro vai em direção ao mar e carrega a apavorada Europa da sua nativa Sidon até a ilha de Creta, onde ele então consuma a sua paixão. Ticiano é inequívoco sobre o fato de que esta é uma cena de estupro: Europa está esparramada impotente em suas costas, suas roupas em desordem. Talvez tenha sido estas características do mito da Europa que levaram Ticiano a escolher o tema para o príncipe mais poderoso na Europa, Filipe II de Espanha, governante de um vasto império que incluía os Países Baixos, bem como posses no Novo Mundo e Ásia. O rei possuía nada menos do que trinta pinturas de Ticiano. Na maior parte eram imagens religiosas: Filipe considerava-se um defensor da fé católica romana, e ele frequentemente é relembrado como um militante e notório promotor de sua crescente campanha para restabelecer sua supremacia diante do Protestantismo. Entretanto, Ticiano também pintou temas mitológicos para este soberano austeramente católico. Essas obras “pagãs”, tanto em suas representações de fábulas dos antigos deuses, quanto em suas características marcadamente não-cristãs, eram conhecidas como poesia, porque seu tema derivava das obras de poetas clássico, tais como Ovídio. Eles são francamente sensuais e eróticos, muitas vezes violentos, e parecem planejados para destacar o tratamento virtuoso de Ticiano do corpo nu feminino em uma variedade de situações e em uma extensão de diferentes poses.